domingo, 3 de março de 2013

Declaro Amor.


            Deparo-me com o papel despido de ideias, de ideais. As coisas acontecem assim, ao orgulho daqueles que se privam das palavras que circulam seu coração. Há alguns papeis á serem preenchidos por nosso suor, a transpiração das palavras não ditas. Assim a dificuldade de expressar aquilo que se sente, aquilo que não é comum, se retira quase que por completo por uma caneta velha, que falha em alguns momentos, mas retira com raiz as coisas que estão presas na garganta daquele que não sabe falar.

            Aquele que se tornou mudo aos olhos dos outros, aquele que se deixou levar pelas ruas caladas da cidade, que fechou a boca para ouvir. Esqueceu-se de que suas palavras moravam por ali, em algum lugar que já não podia encontrar. Que já anunciavam em jornais: “Aluga-se um coração quieto, pouco tempo de vida e alguns retratos velhos.”. Ao discordar de seu rosto no espelho, notou que a alma recitava palavras doces, mas para alguém surdo dos olhos, mal pode ouvir seus versos.

            O gosto salgado de conter as palavras tocou o céu de sua boca, os dentes já desbotavam pelo sabor do café. E o dia amanhecia com um nome difícil de se pronunciar. Há dias que são paixão, outros que são a tranquilidade de um copo d’água. Ao balbuciar lagrimas em sua xícara, notou o céu com uma cor diferente. Era por fim a poesia escrita no varal, em seus lençóis, nos travesseiros, na toalha de mesa, nos contornos das mesas, nos tijolos da casa. Quando dormia seus sonhos falavam por ele.

            Seus sonhos emocionavam os que acordados juntavam as lagrimas para a colheita.

Nenhum comentário:

Postar um comentário