Deparo-me
com o papel despido de ideias, de ideais. As coisas acontecem assim, ao orgulho
daqueles que se privam das palavras que circulam seu coração. Há alguns papeis
á serem preenchidos por nosso suor, a transpiração das palavras não ditas.
Assim a dificuldade de expressar aquilo que se sente, aquilo que não é comum,
se retira quase que por completo por uma caneta velha, que falha em alguns
momentos, mas retira com raiz as coisas que estão presas na garganta daquele
que não sabe falar.
Aquele que
se tornou mudo aos olhos dos outros, aquele que se deixou levar pelas ruas
caladas da cidade, que fechou a boca para ouvir. Esqueceu-se de que suas
palavras moravam por ali, em algum lugar que já não podia encontrar. Que já anunciavam
em jornais: “Aluga-se um coração quieto, pouco tempo de vida e alguns retratos
velhos.”. Ao discordar de seu rosto no espelho, notou que a alma recitava
palavras doces, mas para alguém surdo dos olhos, mal pode ouvir seus versos.
O gosto
salgado de conter as palavras tocou o céu de sua boca, os dentes já desbotavam
pelo sabor do café. E o dia amanhecia com um nome difícil de se pronunciar. Há dias
que são paixão, outros que são a tranquilidade de um copo d’água. Ao balbuciar
lagrimas em sua xícara, notou o céu com uma cor diferente. Era por fim a poesia
escrita no varal, em seus lençóis, nos travesseiros, na toalha de mesa, nos
contornos das mesas, nos tijolos da casa. Quando dormia seus sonhos falavam por
ele.
Seus sonhos
emocionavam os que acordados juntavam as lagrimas para a colheita.
Nenhum comentário:
Postar um comentário