domingo, 30 de junho de 2013

La Complicidad.


            Oh, menina desfaz essa trança que agora quem respira sua voz sou eu, desfaz essa mesa que agora a vitrola toca. Desfaz a valsa e devolve o botão de minha camisa. Devolve também o ar de meus pensamentos, constrói em mim sua morada e faz nela o infinito coração.

            Não sabe a grandiosidade que é estar a frente de seus olhos, ninguém imagina a delicadeza de seus dedos, mal sabem os tolos aprendizes de poesia o que faz quando seu lábio seca, mal sabem eles o que colocar na próxima frase. Poetas, ainda se dizem donos dos livros da sua estante, não ouse tocar aquele livro, diz em voz alta, mas sorri, sorri feito uma deusa. Um sonho, aqueles que esquecemos quando acorda e deixa a saudade na porta de seu quarto.


            Deixa também o perfume nas golas da camisa, nas mangas e nos pés de laranjeira. Deixa pra lá e vem, senta aqui nesta cadeira e ouve o verso que fiz sobre você, ouve também o rádio que diz que vai chover, corre lá fora e recolhe a roupa, recolhe também meus calçados, há muito tempo não os vejo, desde que começamos essa procura por nós mesmos. Nós, aqueles dois sorrindo por entre a chuva que molha seu cabelo, molha também as folhas deste texto, que já se perde por entre as linhas umedecias.

domingo, 9 de junho de 2013

Ametista.


Há um silencio que reside, procuramos com os olhos os diálogos entre os objetos lançados a mesa.
Há uma causa solta, pendurada na porta. Há dias a falta de ideias enfurece o rapaz sentado na varanda.
Há uma sinopse em sua pele, algo como um roteiro de cinema, algumas manchas do sol e um gosto de saudade.
O homem estampado de céu atira seus sapatos contra os incômodos de sua casa. Arremessado contra o espaço cinza de sua rua, procura saídas.
O homem estampado de céu tem seus sonhos azuis.
A fragilidade está presente no passado pensado, arrependido e articulado.
Há fragilidade em seus dedos. Costura a minha alma na sua, acostuma meus passos aos seus.

Deslizo-me entre os textos mais confusos e traço o teu passado nas linhas de sua mão, coloco-me a disposição, a exposição, a distorção daquilo que já foi, aquilo que já esta a falta de seus dias. Aperto a mão de quem apenas sorri e apelo para um meio fechar de olhos um semicírculo de segurança, teorias tais que revelam a opacidade do olhar humano.
(...)