quarta-feira, 24 de abril de 2013

Seu nome é quase cor


Minha pequena seu nome é quase cor.
Já desconheço o sentido da vida nestes dois minutos.
Ah. Se o coração fosse um pouco menos impulsivo.
Assim como os pássaros e os passos que voam.
Por que quando nos acostumamos o tempo voa;
Voa com as mãos fechadas levando aquilo que se sente.
Aquele garoto estava certo, é muito fácil se perder nos olhos de uma mulher.
Ainda há de haver invisível nas coisas dizíveis e o indizível se tornará daqui por diante infinito.
            Alguns sintomas rabiscaram as folhas de meu caderno, não sei se começo pelos fatos do coração ou pelas relíquias de minhas lembranças.
            Há algo estampado em sua camisa e apenas algumas gotas em seu copo. A máquina para ao ouvir o som do poeta que reduz sua carta a um abotoar de camisa, um suspiro e o rasgar de uma correspondência.
            Se algumas palavras tocarem seu peito minha pequena, deixe com que caia uma manga de seu vestido. Seria maldade dos Deuses deixar com que seu belo ombro fique preso para sempre em volto a esses tecidos. Se alguma silaba for tocar o grão de seus brincos, deixe-a contar o mínimo segredo que existe por trás de todos os versos deste pobre escritor. Deixe-a envolver-te em algum poema malicioso, alguma canção com piano, alguma história de faroeste com mocinhas que choram por páginas em seus diários.
            E assim quando um sorriso brotar naturalmente em seu rosto e por ventura seu rosto ficar corado, saberei quais as melhores flores para combinar com seu vestido.

terça-feira, 23 de abril de 2013

Ana Flor






Será filha, Mãe e poeta;
Será. vestido azul, varal de estrela e abraço apertado;
Será Ana flor, pequena, ainda, mas Ana;
Mais fé, mas pequena, mais fogo.
Ana flor, voz doce.
Descobre que o futuro é só uma xícara;
Descobre na vida a voz que canta, descobre os pés no verão;
Ana flor, mais nada.
O significado dos dias e as horas;
E eu que era só mais um sonhador,
Que continha as gotas de seu choro,
Em pensar que a cor dos seus olhos é a mesma que estampa a minha camisa;
E o céu fica sempre azul;
E seu nome ecoará nos vales de meu pensamento;
E a flor será apenas um diminutivo de seu nome.
(...)

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Açúcar



 

            Quando esqueci meu nome pensei em seu rosto, pensei também nos dias que se foram e em como envelheci. Quando esqueci meu nome, arranquei do teto as estrelas para enfeitar seu cabelo. Quando esqueci seu nome, dormi três semanas e meia. Quando esqueci seu nome, fui mudo por alguns dias.

            Quando esqueci meu nome, era garoto que voa no campo, que sobe em árvore, pula muro. Era garoto bobo, de artista muito pouco, muito mais garoto. Bobo. E que a bobeira descansa no peito dos mais senhores, isso eu sabia de cor ou em preto e branco. Bobo. Ri de mim mesmo ao sentar no banco. Ri de tudo que fazia barulho ou palavra. Ri de mim ao esquecer o meu e o seu nome, era o primeiro encontro depois de tantos anos e eu nem sabia o que falar. Pus as estrelas no teto para fazer seu céu, sua constelação.

            Quando fui garoto novamente, me senti mais próximo, mais certo. Certo de que tudo não passa de uma brincadeira. Algum sentido há de ter, exclamei. Limpei os olhos e sorri.