Aos poetas
e aos leitores de poesia ainda resta uma duvida: viver ou vive-la.
Há muito
tempo venho escrevendo este que é mais um dilema entre os românticos, minha
pequena peço que não se assuste com tais palavras, mas vou dedilhar cada corda
que aqui está. Enfim chegou outono, digo isso porque o verão me causa fortes dores
de cabeça e o calor daqui é tão diferente das nossas tardes na serra. A política
corroeu os textos nobres dos poetas da cidade, ainda há românticos inconsequentes
em bares e casas noturnas, mas aqueles que vingam são poucos. Caminho todos os
dias na parte da manhã. Estou fazendo o que me recomendou: Limpo bem os sapatos
antes de entrar em casa, converso com aquela planta que me deu, escrevo poesia,
tomo café, leio jornal, preparo os livros e escorrego os olhos nas linhas mais
sedutoras.
Alguns dias
atrás lembrei que deixei sua foto na gaveta do bidê, por favor, não deixe-a por
motivo algum amarelar de saudade de seus olhos. Retire-a de lá e compre um bom
porta retrato. Quando voltar, colocarei na parede da sala, assim quando nos
visitarem poderão ver a nova cor da parede. Há um ou dois versos embalados nas
óperas que assistimos, guarde-os com cuidado, toda palavra tem uma espécie de
saudade de seu criador, trate-a bem, leia em voz alta para que ela sinta o que
é viver. Afinal o que estamos fazendo?
A partir
daqui a fala começa a ficar um pouco mais pausada, as falas são só para
preencher os espaços vagos dos abraços não dados. Digo isso pela distancia que
há entre a carta que escrevo e o leitor que agora limpa os lábios em sua blusa.
Concreto ou não todo poema é firme, de parede bem pintada, de engenharia
perfeita. Acuso você por todos os meus escritos, acuso a ti o amor que estampa
os versos dos amantes, acuso a ti, sim a ti, pequena e doce mulher com seus
vestidos floridos.
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