Quando
esqueci meu nome pensei em seu rosto, pensei também nos dias que se foram e em
como envelheci. Quando esqueci meu nome, arranquei do teto as estrelas para
enfeitar seu cabelo. Quando esqueci seu nome, dormi três semanas e meia. Quando
esqueci seu nome, fui mudo por alguns dias.
Quando
esqueci meu nome, era garoto que voa no campo, que sobe em árvore, pula muro.
Era garoto bobo, de artista muito pouco, muito mais garoto. Bobo. E que a
bobeira descansa no peito dos mais senhores, isso eu sabia de cor ou em preto e
branco. Bobo. Ri de mim mesmo ao sentar no banco. Ri de tudo que fazia barulho
ou palavra. Ri de mim ao esquecer o meu e o seu nome, era o primeiro encontro
depois de tantos anos e eu nem sabia o que falar. Pus as estrelas no teto para
fazer seu céu, sua constelação.
Quando fui
garoto novamente, me senti mais próximo, mais certo. Certo de que tudo não
passa de uma brincadeira. Algum sentido há de ter, exclamei. Limpei os olhos e
sorri.
Nenhum comentário:
Postar um comentário