Eu sorrio e
com os olhos cheios d’água digo: “Tudo significa nada.”, não há mais nada a
dizer. Apenas contemplar a grande beleza que é o acaso encontro de nós. Somos o
big bang do novo século, não precisamos de conversa nenhuma, nossos olhos já
entregam a história por trás de todo tecido, estamos lá e mesmo distantes
sabemos o que cada um viveu e a vida segue, sorrio novamente e penso: “bom
encontro, é uma pena não ser em outra época, talvez uns dois ou três anos
atrás, quando ainda havia significados em nossas calçadas.”. Não há dialogo
entre certeza e destino, não há espaço entre a incerteza e o egoísmo. Diga o
que quiser, tudo significa nada, há conclusões precipitadas rolando por nossos
cômodos.
Há uma
pausa entre o pensamento do poeta que deve escrever o nome de sua amada, mas
consequentemente a tinta falha manchando as mãos daquele pobre jovem que ali
esta, sentado diante daquele que seria seu melhor trabalho. Os rabiscos tomam
conta de sua mão e já não sabe se pertence a tinta ou se a tinta o compõe, são
um só em um risco tênue que corre pelo chão de seu mundo, seu território
cercado pelos camelos e curvas de um corpo feminino.
Tudo
significa nada. Demorei muito tempo para entender isto, mas algumas coisas
funcionam assim. Não importa, ela saiu, esqueceu de dizer onde ia e ligou para
você mais tarde, não significa nada. Tudo que pensamos ser alguma coisa
indevida é devidamente nada daquilo que pensamos ser. A vida brota nos sentidos
confusos, não há manual para isso e se houvesse, convenhamos não mudaria nada,
até por que, quem liga pra manual.
Tudo
significa nada. Toalha em cima da cama, colher de pau, perfume no carro, um
novo amigo, jogo de futebol, aquela etiqueta por dentro da roupa, o filete que
sai do seu telefone, o gesto do padeiro, o policial em frente a sua casa, a
comunhão de bens, a gravidez da menina namorada do menino de família rica, o
menino na porta do supermercado, a mulher que cochicha, o homem que pisca,
aquela senhora escondendo doce na bolsa. A malicia está nos olhos de quem quer
ver aquilo que é ambíguo, aquilo que é visivelmente invisível. A física
comprova!
Ai você
pergunta com o rosto borrado de verdade autoritária e contraditória, mas e o
nada? O nada é o oposto, de tudo, é a razão pelo aborrecimento, pelo
desconforto da menina, por todas as frases não ditas, por aquele pedido de
"fica". O não dito, fantasma da gramática, o futuro do pretérito do
não participo mais, me calo e deixo a vida passar por entre os dedos, diluo a
verdade em doses milimetricamente calculadas para que não haja revolta. O
conforto das coisas mudas. Alguns médicos recomendam: "Não calar o
coração. Doses diárias de sol e solidariedade ao espelho.". O risco de
implosão é maior do que em casos de amor-acabado e salvam-se poucos, há muita
gente ai implodida, há muitos escombros pela cidade, nem o Papa nem o
papa-entulho dão conta. É muita oração pra pouco sujeito.
Nenhum comentário:
Postar um comentário